Muitos cristãos não sabem que o cristianismo se fundamenta em dois princípios básicos: os bíblicos do Novo Testamento e os dogmáticos, e que o espiritismo pode ser ou não evangélico.
Os católicos se fundamentam mais nos dogmas. Os protestantes, os ortodoxos e os evangélicos prendem-se mais à Bíblia. Os dogmas foram instituídos pelas autoridades eclesiásticas católicas, geralmente reunidas em concílios ecumênicos. Daí esse cristianismo ser eclesiástico, cuja teologia principal é a dogmática. As outras igrejas cristãs têm também seus dogmas, mas em menor número, ou seja, os mais antigos da Igreja.
Os líderes católicos procuram demonstrar que seus dogmas são baseados na Bíblia. Mas isso é uma questão de interpretações bíblicas polêmicas seculares para os outros cristãos. A prova dessa polêmica são as próprias divisões do cristianismo. E uma coisa é certa, a Igreja fala mais em doutrinas dogmáticas, enquanto que as outras igrejas cristãs falam mais na Bíblia. Mas há muitos evangélicos que, às vezes, citam mais o Velho Testamento do que o Novo, como se fossem judeus e não cristãos!
Desde que o mundo é mundo, existe o espiritismo, inclusive na Bíblia. Mas esse espiritismo é somente no sentido de que se trata de um fenômeno mediúnico ou de comunicação com espíritos. O espiritismo verdadeiro é o da Codificação de Kardec, que é ciência, filosofia e religião, mas é uma religião apenas no sentido da moral evangélica ensinada e vivenciada pelo excelso Mestre. E o espiritismo a adotou, porque não existe outro código de moral melhor do que ela.
Assim, pois, as mensagens recebidas de espíritos, sejam elas psicografadas ou psicofônicas (orais), só podem ser realmente chamadas de espíritas, se, como vimos, o conteúdo delas for de moral evangélica. Kardec foi rigorosíssimo sobre a questão do exame do conteúdo das mensagens dos espíritos. São Paulo fala também que há espíritos enganadores, que até se vestem de anjos de luz para enganar as pessoas. E são João, igualmente, nos instrui para que examinemos os espíritos, para que saibamos se podemos ou não confiar nas suas profecias. (1 João 4: 1). Mas lembremo-nos de que, então, para examinarmos os espíritos, temos que praticar o espiritismo, isto é, entrar em contato com os espíritos e ouvi-los com bastante atenção!
O verdadeiro cristão não se identifica por aceitar uma doutrina eclesiástica, por se dizer espírita e nem por andar com a Bíblia debaixo do braço, mas por praticar o que o Nazareno ensinou e vivenciou. E um fenômeno que envolve espíritos só é espiritismo mesmo se o seu conteúdo for evangélico.
E reiteramos que os demais fenômenos com espíritos são espíritas somente no sentido de que contêm manifestações de espíritos e que são, pois, mediúnicos, mas eles não são espíritas de fato, se não contêm um conteúdo evangélico!