Está causando grande estranheza aos servidores federais a falta de compromisso de um governo dos trabalhadores em negociar reajustes salariais. Vê-se uma clara campanha na mídia de desconstrução do merecimento a reajustes, fomentando a ideia de que já se ganha bem.
Apostando nesse viés, o governo federal tem disseminado inverdades contra nós, servidores federais, principalmente do Poder Judiciário, divulgando que estamos recebendo reposição de inflação. O fato é que estamos, há mais de seis anos, sem aumentos. Entendo que não se deve buscar melhoria pessoal desqualificando as conquistas dos outros, mas lutando pelas próprias. Dessa forma, não há servidor que não tenha repudiado o infeliz comentário do apresentador do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, Chico Pinheiro, que, aludindo aos servidores públicos, dispara: “Qualquer burocratazinho do serviço público ganha mais do que um professor”. Não se tem dúvidas de que os professores ganham muito mal em nosso País, razão pela qual estão, por todos os lados, dando exemplo de resistência e coragem.
Esses heróis da educação têm evidenciado compromisso com o ideal, mesmo sendo sabotados por governos que, a priori, deveriam estar ao seu lado. Mas chamar de “burocratazinho” a base da pirâmide que sustenta a máquina pública, atuando como assessores de ministros, desembargadores, juízes em suas decisões, municiando com o seu conhecimento as administrações públicas para o crescimento do País, é um pouco demais. Sim, claro, que existem os maus servidores, principalmente os que se penduram na estrutura por indicações, sem atingir a todos, lógico. Porém, os concursados nos preparamos, continuamos a nos preparar para tentar fazer fluir um Estado emperrado por leis de conveniência, de governos descompromissados com direitos, menos com os projetos de poder. Vejo na Justiça do Trabalho o esforço de todos para o deslinde de demandas que emperram por recursos sucessivos, por falta de compromisso dos governantes em pagar as suas dívidas, em precatórios que se arrastam por anos, décadas, mas é a nós que nos culpam.