7 Setembro 2016 José Reis Chaves
Na última sexta, o jornal da Metrópole destacou a atuação da Fundação Dr. Jesus, em Candeias, falando dos seus tratamentos, inserindo, inclusive, que o Conselho Regional de Psicologia condena métodos antiquados e denuncia desmandos e violações gravíssimas dos direitos humanos.
Isso, por si só, já seria de indignar qualquer um, mas o fato se torna, no mínimo, ininteligível, quando o jornal noticia que em 2011 o Governo da Bahia conveniou com essa fundação repasse de mais de quatro milhões de reais, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES), em média de quatro mil reais por interno. À guisa de informação, o Estado paga cento e oitenta e oito reais por criança interna nos abrigos de Salvador. A SEDES se exime, dizendo que é com a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. Não importa qual secretaria seja, a verdade é que é dinheiro do Estado da Bahia, nosso.
A minha vontade de chorar nasceu do suor e quase sangue que sei necessário para se conseguir um mísero apoio dessa Secretaria para aplicação em obra social séria. E falo por experiência, pois a Cidade da Luz desde outubro passado luta pela revalidação de um convênio que vem desde o governo César Borges, em um montante fabuloso de pouco mais de cento e trinta e cinco mil por ano, ou seja, onze mil reais por mês, para uma instituição que, no ano passado, realizou mais de duzentos e quarenta mil atendimentos sociais, que é referência no Estado na reinserção de crianças abrigadas em situação de risco social; fácil constatar, só buscar os órgãos responsáveis por tanto; a sua escola municipal, idem.
Mas o preciosismo dos órgãos governamentais para com a Cidade da Luz é de teste de resistência e perseverança. Estamos sendo ressarcidos de gastos, dentro do processo, mas o convênio em si não saiu. Há um tal Conselho Estadual de Assistência Social que é de uma competência avaliativa extraordinária. É bom que seja, sim, verificada a boa aplicação do dinheiro público, mas nestas horas eu me pergunto: onde o tal conselho, que não viu esse convênio?