Elite burguesa? Não sou. Ainda que muitos tentem deturpar conceitos e confundir a realidade dos fatos. Assim, permita-me, caro leitor, um rápido perlustro autobiográfico, a fim de justificar a negativa na abertura deste artigo:
Nasci e fui criado na Ladeira da Preguiça, no tempo da Rocinha dos Marinheiros; diante de dificuldades, até de sobrevivência, com 10 anos comecei a lavar carros, para ganho, na Fonte dos Padres, na Mauá; aluno de escola pública, do Colégio da Polícia Militar, aos 15 anos, indicado pela direção da escola para prestar concurso, a fim de ser menor aprendiz do Banco do Brasil – convênio que existia entre o Poder Público e o banco para menores carentes da rede pública que se destacassem no rendimento escolar. Passei.
Trabalhei até quase os 18 anos; aos 17 fundei o que é hoje o Complexo Cidade da Luz, que realiza cerca de 200 mil atendimentos sociais ao ano; aos 20 anos fiz concurso para a Justiça do Trabalho; mais tarde fiz outro concurso para galgar nível superior; minha primeira graduação fiz com apoio do governo, através de crédito educativo – já existia este apoio.
Pois bem, apostei na educação, busquei este viés com luta e dificuldades. Assim, quando vejo o meu país ser abatido pela corrupção, quando reclamo de incoerências e mentiras governamentais, não aceito a alcunha genérica de elite burguesa, de forma alguma. Gostaria de conhecer a forma de vida dos que conceituam os insatisfeitos como elite burguesa. Até conheço alguns que moram bem, vivem bem. Têm o direito, se conquistaram com trabalho.
No entanto, por favor, apostar na educação, lutar, crescer é sinonímia de burguesia, então qual seria o caminho? Ser corrupto? Sou contra o impeachment da presidente, que foi eleita lidimamente, e nada há contra ela. Não sou de lados, mas como dizia uma faixa no protesto em São Paulo: “Não sou de direita, mas sou um brasileiro direito”. É simples assim – todos somos iguais perante a lei, em direitos e deveres.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz