FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Fundamentalismo religioso - 04/03/13

Engana-se de forma absoluta quem pensa que o fundamentalismo religioso não existe por estas bandas ocidentais. Não falo, tampouco, de algumas religiões evangélicas, pura e simplesmente, não. Em verdade, veremos fundamentalismo em todas as religiões.

Causa-me, no entanto, espécie encontrá-lo no movimento espírita nacional. Não por ser o espiritismo uma religião melhor do que as outras, de forma alguma. Causa-me grande estranheza por se tratar de uma religião que se propõe a se erguer em uma plataforma de razão, guardando como instrumento de convencimento não dogmas de fé, mas expressões de lógica e bom senso, ferramentas indispensáveis à formação do saber de uma metafísica diferenciada pelos caminhos de um convencimento que não deveria guardar tipo algum de fanatismo, uma vez que este não resiste à contundência de um pensar, refletir racional.

Pude verificar esse fundamentalismo quando, nos dias de Carnaval, provoquei, através do facebook, reflexões sobre o ir ou não às festividades momescas. Claro que a esmagadora maioria que opinou foi de pessoas bafejadas pela lógica da responsabilidade do livre arbítrio; mas uma minoria, ainda que em seu número insignificante, em confronto com a totalidade dos opinadores, evidenciou uma raiz sectária, dogmática, fanática, verdadeiramente inconsonante com as propostas espíritas de respeito ao livre arbítrio, ao entendimento de que a verdade absoluta – em si inexistente – é uma perigosa janela para a intolerância do diverso, dentro de universo de um saber não hierarquizado, onde não há pessoa alguma que seja o tradutor, ou mesmo um inspirador de uma conduta pensadora do certo ou errado dentro do viver espírita. O espiritismo vive os livros de Allan Kardec, fazendo, por natural processo de confronto sócio-cultural de cada época, as suas reflexões de atualização, não de princípios. Além do mais, por exemplo, não existe nada na codificação que fale de Carnaval, logo as ilações a esse respeito nascem de espíritos encarnados e desencarnados que dão palpites, mas não podem ser tidos como os oráculos da “teologia espírita”. Precisamos entender que esses espíritos estão sujeitos às suas idiossincrasias, bem como às interferências dos próprios médiuns, dos seus complexos conteúdos psicológicos. Ignorar isso é desconhecer os mecanismos da mediunidade por completo.

Dessa forma, penso que não cabe censura alguma às formas diversas de pensar, interpretar fenômenos sociais como o Carnaval e a sua participação por espíritas, mas, isto sim, oferecer, se for o caso, contrapontos de opinião, em vertentes outras acerca de temas não tratados diretamente na codificação, nos livros de Kardec. Essas considerações serão sempre expressões de conteúdo humano dos seus propugnadores e, sendo quem forem, serão meras opiniões, onde o espírita interessado em fazer juízo de valor avaliará consoante, também, os seus próprios entendimentos e afinidades emocionais.

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

José Medrado - Editorial

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