O Estado, segundo Rousseau, deveria ser guiado pela “vontade geral” (“volonté générale”), atendendo aos interesses comuns a todos, e não pela vontade de um ou de alguns; seria, assim, a única maneira de se estancar a corrupção. Vemos, no entanto, que na saga pelo poder, os ideais a que os políticos, de um modo geral, se lançam passam muito longe da construção efetiva de um estado democrático de direito, mas sim, uma pessoal e participativa, para alguns, busca da apropriação do mando, no fortalecimento de princípios que fogem aos ideais realmente democráticos.
Antes, no entanto, que você prossiga a sua leitura, quero reafirmar que não tenho coloração partidária alguma, ainda que possua grandes e queridos amigos em todos os partidos políticos, logo, não guardo, aqui, interesse algum camuflado, mas, sim, de reflexão do que vemos nos dias que correm, em nossa terra brasilis.
Constatamos, então, que o processo eleitoral brasileiro se tornou uma espécie de vale-tudo para se chegar lá, tendo como foco não apenas o ganho da oportunidade de servir à causa do bem geral – sei que é algo meio “polyaníco” de dizer, mas deveria, sim, ser o objetivo -, porém se estabelece uma briga de esmagamento de valores, princípios, honradez, onde a bajulação se torna assanhada e descarada, principalmente se o holofote estiver sobre quem lidera as pesquisas. É um espetáculo deprimente de conveniências e oportunismos bem longe do que deveria ser compromisso e responsabilidade.
Preocupo-me, assim, com a banalização dessa forma torpe de se fazer política, onde Maquiavel, em “O Príncipe”, escrito em 1515, fala sobre a arte de se conquistar e manter o poder, e não se fez rogado em sugerir aos governantes práticas de fraudes, perfídias e crueldades para isto. Então, este homem se sentiria infantilizado com a nossa política brasileira.
Sinto que a desfaçatez, o cinismo se tornaram aliados da busca da apropriação do poder, tendo como único intuito encontrar o “respeito” pela bajulação, uma vez que, talvez, pelos méritos pessoais não o teriam nunca. Isso mudará um dia?
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz