FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Ritos importantes - 07/01/13

Há comportamentos humanos que muitos estudiosos dizem que são imprescindíveis à organização de sua vida, e entre eles encontraremos os chamados  rituais de passagem. Esses rituais se manifestam em diversas ocasiões e estão presentes em várias situações humanas, desde os aspectos biológicos, a menina vira moça, por exemplo, a morte de um amigo, familiar; os culturais, acadêmicos, as graduações diversas; os emocionais, fins de relacionamentos e início de outros.

São ciclos que se fecham, interrompem-se para que novos se iniciem. Esses rituais de passagem  são formas, marcos que nos sugerem uma espécie de reorganização da vida, uma espécie de zerar as questões para começo de nova forma de agir, de se programar. Criamos, também, os nossos próprios ritos de passagem ao elegermos uma data, um dia para o início da dieta, para aquela abstenção e por aí vai. São instrumentos de modificação e reafirmação de possibilidades de se criar uma nova realidade.

Dessa forma, vemos como de grande necessidade o ritual de mudança de ano, de data no calendário. É sabido na prática que nada muda com o passar de um dia, de um determinado horário, mas o poder simbólico que isso traz é imenso para que cada um se sinta fechando um ciclo e abrindo outros. A cada ciclo que termina, o ser humano se sente mais fortalecido, renovado para um recomeço, como que houvesse uma nova carga de estímulo e coragem, pois, afinal de contas, acabou um ano. As coisas negativas ficaram para trás, agora é vida nova, novos projetos. Há estudiosos que chegam mesmo a dizer que, se não houvesse o réveillon, as pessoas não suportariam as cargas emocionais de seus padrões de vida, sem o fechar de ciclos, pois o tal festejo da mudança do ano  dá uma sensação de controle do destino, pois se eu faço nele os meus rituais pessoais, estarei no domínio da “sorte” da minha vida. O controle do que me acontece é meu, e não da vida em si, idealizamos.

É o novo que chega cheio de expectativas e esperança de recomeço, de conserto, de novas construções. Não se pode apenas registrar que o ano acabou, mas marcar o seu fim, firmar o novo começo, e nesse particular tudo associado à água é muito forte, pois remete à simbologia arquetípica placentária, do nascer, do surgir.

Assim sendo, ora, que sejam válidos os seus rituais de fé, de religião, que sejam portadores de uma certeza de consecução dos seus sonhos, objetivos, delimitando o fim do velho, do que precisa ser deixado para trás e o surgimento do novo, do que precisa ser refeito ou começado.  Aliviemos, dessa forma, as frustrações que estão sendo deixadas para traz, e comecemos uma nova caminhada, parafraseando Geraldo Vandré em sua música, em parceria com o baiano Fernando Lona: Olha que a vida tão linda se perde em tristezas assim; Desce o teu rancho cantando essa tua esperança sem fim; Deixa que a tua certeza se faça do povo a canção; Pra que teu povo cantando teu canto ele não seja em vão.

José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz

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