O medo tem adquirido diversas fisionomias nesses nossos dias, mesmo sendo uma manifestação básica do ser humano, vemos, no entanto, como bem diz a Dra. Luciana dos Santos, mestre em saúde coletiva da Universidade do Rio de Janeiro, que ele está sendo também construído socialmente, gerando diversas síndromes. A vida humana tem em conceitos ocidentais de felicidade a conquista do que nos falta, e para tanto se buscam ao longo de toda uma existência esses tais valores. Assim, alguém poderá se sentir mobilizado a ter uma casa na praia, um carro novo como expressões de felicidade.
Objetivos justos, claro, quando se empenha trabalho e honestidade nas realizações dessas construções, porém o medo se tornou um usurpador de sonhos, capitaneado pela crescente insegurança que vivemos. Em alhures pelas ameaças terroristas, em terras nossas pela violência descomunal que tem gerado inclusive o receio das pessoas se buscarem socialmente, principalmente à noite. Nesse sentido, o medo se torna um desagregador do dia a dia da nossa sociedade. Ao lado de tudo isso, vemos o fantasma do desemprego, da inflação, damiséria na saúde...
As consequências têm sido o mergulho em uma vida virtual, em casa, clara reação de fuga, retração da vida social, reação de precaução. Nessa onda de desassossego e aflição, manipula-se o medo, criando – sempre eles os políticos – as ameaças de que este ou aquele governo irá fazer isto, aquilo, tirar esta aquela vantagem. Ora, ora e estamos aqui para que como cidadãos? Para preservar conquistas, buscar novas, mostrar a força que nos nutre, pela multidão que somos. O povo brasileiro já está em franco despertamento para os que tentam o controle individual e de massas na manipulação do medo, que já existe em nossas vidas, como instrumento de manobra. Assim, reajamos a eles, cobrando real segurança e proteção, naquilo que nos é de direito. Não nos cabe mais aceitar as cenas de propagandas governamentais, meramente cosméticas. Temos o voto.