Sempre quando escrevo por aqui alguma coisa sobre mediunidade, recebo muitos e-mails com dúvidas, suspeitas e, então, chovem questionamentos naturais, onde, em geral, o questionador fica meio constrangido porque traz alguma experiência com algum trabalhador nesse campo.
Sempre respondo estimulando o questionamento honesto, verdadeiro, sem agressividade, mas perguntar, sim, para entender. Não é porque se trata de assuntos do “outro mundo” que as pessoas vão se sentir totalmente à parte do seu entendimento, de forma alguma. Há de se passar pelo crivo da razão, do bom senso. Fugiu a esses princípios, alguma coisa ali pode não estar certa.
Os médiuns são pessoas que trazem as suas marcas, as suas histórias e também as suas carências. Muitos dos casos que me são relatados nascem exatamente de uma necessidade de mostrarem que são mais íntimos dos espíritos do que de fato são. Isso quando têm realmente o contato, pois também há os que interpretam um papel, guardando nos seus desvios psicológicos um falso exercício mediúnico, gerando, não raras vezes, fantasias e ilusões que, realmente, ficam difíceis do reflexivo, do questionador, do sensato assumir como verdade.
Por exemplo, o espetaculoso já é indício de possível fraude, pois o mundo espiritual não é um conectivo que o médium sintoniza e a partir daí tem todas as informações. Não mesmo. Acho sempre engraçado, por exemplo, em algumas psicografias em que os médiuns se dizem completamente inconscientes e o português é contemporâneo, não guardando nada do arcaísmo de quem escreve ou mesmo o idioma estrangeiro, se afirma for de alguém que não foi destas plagas. Você, caro leitor, vê por aí mensagens longas em japonês, grego, norueguês...? Nem eu! Nem mesmo em idiomas mais comuns a nós, como inglês, francês...
As pessoas já não estão mais acreditando no que ouvem, e isso tem sido bom, mas infelizmente, devido a algumas distorções passadas por “médiuns” em, digamos, carências afetivas, as pessoas desacreditam do fenômeno em seu todo, por conta daqueles que sabem o que são, como fazem e interpretam um personagem. Se fossem honestos desde sempre, se teria hoje o conhecimento preciso de que mediunidade não é uma equação matemática, exata, precisa, pois existem as variáveis.
Uma senhora me relatou, por exemplo, que um médium falou para ela da presença do seu avô paterno – ela tem cerca de sessenta anos – nada mais natural que o avô já esteja desencarnado. Mas o nome? Particularidade? Nada! Precisa-se nesta hora questionar, sim, para se ter a cristalinidade do processo. Lógica: se o médium teve conhecimento de que era o avô paterno, poderia muito bem saber nome ou algo mais, para vaticinar o contato.
Outro caso foi de um cidadão que me mandou uma citação em francês, atribuída a um espírito, com erros; ele questionou o médium e teve como resposta que foi na hora de passar a limpo, mas o leitor disse que a tradução era do Google, que ele testou. Pois é... vai saber.