É sobremodo notório o desleixo dos agentes públicos para com os direitos fundamentais do povo brasileiro. Em uma terra de muitas leis, onde pilhas delas só servem como pirotecnia, um sem número de caciques manda, quer aparecer, busca o seu quinhão, mas a defesa civil do que interessa ao povo brasileiro é largada de lado.
Vejamos: acerca de quase dois anos, fui convidado pela Secretaria da Presidência da República para participar, representando o segmento espírita, de rodas de discussão para elaboração de um Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Temos até Lei em relação a isso, e tudo seguiu bem até esbarrar no Plano Nacional de Direitos Humanos que foi todo retaliado por interesses políticos. Então, o próprio Estado, através do Exército, precisamente da ESAEX (Escola Superior de Administração do Exército) lança concurso público para Capelão Militar, destinado a católicos e evangélicos. Nas Forças Armadas Brasileiras, só há seguidores dessas religiões? A exigência do curso de Teologia já foi um direcionamento? Mesmo assim, será que espírita, candomblecista, umbandista algum não pode ter curso de Teologia, por exemplo? E o estado não é laico!? Ou seja, não há religião oficial. Se, por tradição inconstitucional, só há vaga para essas duas expressões religiosas, que as extinga, na impossibilidade de ampliar para as que dão esteio à massa do povo brasileiro. É o Estado discriminando, oficialmente.
Vemos, outrossim, na relação de religião do censo 2010 o termo kardecista. Será que esses doutores organizadores do questionário não sabem que não existe kardecismo como religião, que os seguidores do Espiritismo são espíritas? Alguns dirão preciosismo! Claro que não! A isso se chama respeito com os princípios de igualdade da diversidade, no tratamento às suas orientações de qualquer natureza. Essa gente quer conhecer o povo do Brasil, mas demonstra ignorância comezinha com os valores de dignificação da sociedade a que querem estudar.
Pois é, tem-se a impressão que tudo nesta terra Brasil só serve para o marketing, quase nunca para o interesse real da cidadania.
José Medrado - Mestre em Família pela UCSAL e fundador da Cidade da Luz.